Cientistas descobriram novas evidências que sugerem que a deformação da crosta inferior pode ser responsável pela formação de falhas normais pouco profundas. De acordo com a teoria de Anderson sobre falhas, as falhas normais devem ter uma inclinação de aproximadamente 60° em relação à horizontal. No entanto, pesquisadores observaram falhas normais ao redor do mundo que são muito mais planas do que o esperado, incluindo no Menderes Massif, no oeste da Turquia, onde as falhas normais têm uma inclinação de 20°.

Geólogos têm suspeitado há muito tempo que as falhas normais de baixa inclinação, também conhecidas como falhas de descolamento, são formadas ou por fraturas com um ângulo superficial ou por serem inicialmente formadas a 60° da horizontal e posteriormente rotacionadas. Avanços recentes em técnicas de modelagem permitiram que os pesquisadores entendessem melhor o comportamento da crosta em grande escala.

O Menderes Massif é uma das regiões de expansão mais ativas da Terra, e as falhas nesta região expuseram dois domos gêmeos de rochas metamórficas da crosta média a inferior. Esse alongamento e enfraquecimento extenso da crosta causa aumento de temperatura e enfraquecimento da mesma. Como resultado, a crosta inferior se torna plástica e capaz de fluir para cima.

Os pesquisadores utilizaram dados geológicos do oeste da Anatolia para simular o movimento das rochas em um bloco de crosta com uma seção inferior fraca. Seus modelos mostraram que durante a extensão, a crosta inferior pode fluir tanto horizontal quanto verticalmente, enquanto a crosta superior desenvolve falhas de acordo com o fluxo abaixo dela.

Os achados deste estudo são consistentes com a geologia e a imagem sísmica da crosta na região de Menderes. As previsões do modelo também estão alinhadas com dados de tomografia sísmica, fornecendo suporte adicional para o mecanismo de rotação das falhas. Esta pesquisa não só melhora nossa compreensão da formação do Menderes Massif, mas também ilumina outros complexos de núcleo metamórfico e pode fornecer insights sobre a geologia de outras regiões, como o oeste dos Estados Unidos, o Himalaia e o Mediterrâneo.

Fontes:
– Owen, R. (2023), O fluxo da crosta empurra as falhas para trás, Eos, 104, DOI: 10.1029/2023EO230368. Publicado em 27 de setembro de 2023.