Geneticistas fizeram uma descoberta inovadora ao isolar e decodificar moléculas de RNA de um espécime de tigre da Tasmânia de 130 anos de idade. Isso marca a primeira vez que o RNA de um animal extinto foi recuperado. O material genético foi obtido de um espécime na coleção do Museu de História Natural da Suécia. As descobertas, publicadas na revista científica Genome Research, lançam luz sobre como os genes do tigre da Tasmânia funcionavam, uma espécie que desapareceu há muito tempo.
O tigre da Tasmânia, ou tilacino, foi um predador marsupial que desapareceu cerca de 2.000 anos atrás, com exceção de uma população na Tasmânia que foi posteriormente caçada até a extinção. O autor principal do estudo, Emilio Mármol Sánchez, afirmou que embora a reintrodução da espécie não fosse o objetivo da pesquisa, um melhor entendimento da composição genética do tigre da Tasmânia poderia ajudar nos esforços para ressuscitar o animal.
Andrew Pask, que lidera o Laboratório de Pesquisa Integrada em Restauração Genética do Tigre da Tasmânia, descreveu o estudo como inovador, demonstrando que é possível extrair RNA de amostras de museus e espécimes antigos. Essa descoberta melhorará a compreensão dos biólogos sobre a biologia de animais extintos e melhorará a reconstrução de genomas extintos.
Ao contrário do DNA, o RNA é uma cópia temporária de uma seção de DNA e é mais frágil, decompondo-se rapidamente. No passado, acreditava-se que o RNA não perdurava ao longo do tempo. No entanto, em 2019, pesquisadores sequenciaram o RNA da pele de um lobo preservado no permafrost com 14.300 anos. O estudo atual estabelece ainda mais a viabilidade de recuperar RNA de animais extintos, com esforços futuros voltados para recuperar RNA de espécies que desapareceram muito antes, como o mamute-lanoso.
A equipe de pesquisa sequenciou com sucesso o RNA dos tecidos de pele e músculo esquelético do espécime de tigre da Tasmânia, identificando genes específicos do tilacino. Essas informações formam o transcriptoma do animal, análogo ao genoma armazenado no DNA. Compreender o RNA permite que os cientistas obtenham uma compreensão mais completa da biologia do animal. Mármol Sánchez utiliza a analogia de uma cidade onde cada restaurante tem acesso a um grande livro de receitas (DNA), mas é o RNA que permite que cada restaurante crie pratos diferentes. Ao analisar o RNA, os cientistas podem descobrir a intricada biologia e metabolismo dentro das células.
Este avanço na decodificação dos segredos genéticos de uma espécie extinta abre novas possibilidades para o estudo do DNA antigo e para a compreensão do funcionamento complexo de criaturas perdidas no tempo.
Fontes:
– CNN – Geneticistas decodificam o RNA do tigre da Tasmânia extinto, de acordo com novo estudo.
– Genome Research – Conservação de RNA em tecidos marsupiais: um estudo de caso no tigre da Tasmânia.