Compreender o conteúdo de água na Lua é crucial para futuras missões e também para entender a formação e evolução do nosso satélite. Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Havaí descobriu que os elétrons de alta energia na camada de plasma da Terra podem estar influenciando os processos de erosão da Lua e desempenhando um papel fundamental na formação de água na Lua.

Segundo os especialistas, os elétrons de alta energia presentes na cauda de plasma ao redor da Terra podem ser responsáveis pela erosão lunar e pela formação de água em sua superfície. Essa descoberta também pode explicar como a água se acumula nas regiões permanentemente sombreadas da Lua, onde a luz solar nunca chega.

A magnetosfera terrestre protege a Terra da radiação solar e da erosão espacial. Os elétrons e íons de alta energia formam uma cauda magnética estendida devido ao vento solar. A Lua, por sua vez, passa cerca de 27% de sua jornada dentro dessa cauda magnética durante sua órbita mensal ao redor da Terra. Foi nesse período que a equipe de cientistas se concentrou para estudar os processos de formação de água na superfície lunar.

Os pesquisadores analisaram os dados coletados pela missão Chandrayaan 1 da Índia entre 2008 e 2009. Esses dados revelaram que a formação de água na cauda magnética da Terra é semelhante aos períodos em que a Lua estava fora dessa região. Isso indica que pode haver processos de formação adicionais ou novas fontes de água não diretamente associadas ao vento solar.

Os elétrons de alta energia podem estar interagindo com o solo lunar, liberando hidrogênio preso que depois pode se combinar para formar água. Essas descobertas sugerem que a Terra e a Lua estão intimamente ligadas em aspectos diferentes que ainda não haviam sido reconhecidos. A equipe de pesquisadores planeja continuar estudando o ambiente de plasma ao redor da Lua e o conteúdo de água nos polos lunares, como parte do programa Artemis da NASA.

Fonte: S. Li et al. Formação de água na superfície lunar associada a elétrons de alta energia na magnetocauda da Terra. Nature Astronomy, publicado em 14 de setembro de 2023; doi: 10.1038/s41550-023-02081-y.